Os Jogos de Inverno em Pequim terão quase 100% de neve artificial! 

Não é nenhuma novidade que o mundo vem enfrentando mudanças climáticas nos últimos tempos e as Olimpíadas de Inverno entram para o rol dos inúmeros exemplos que servem de alerta para a geração atual.

As famosas “máquinas de neve” saíram dos cenários dos filmes de Natal e foram utilizadas nos jogos pela primeira vez em 1980, na vila de Lake Placid e, desde então, a proporção de neve artificial vem aumentando a cada edição. 

Máquina de neve
Fonte: Portalviu

Sua fabricação demanda grandes quantidades de água e energia, sendo uma alternativa nada sustentável, o que fica ainda mais destoante quando somada ao fato de Pequim (capital da China, sede dos Jogos) ser uma das cidades com maior escassez de água no mundo.

O Comitê Olímpico Internacional estimou que seriam necessários 222 milhões de litros de água para a produção de neve, o que equivale a um dia de consumo de água potável para cerca de 100 milhões de pessoas. Esse volume de água precisa passar por algumas transformações físicas em equipamentos específicos e condições de temperatura e pressão adequadas para chegar na forma e estado físico desejados. 

Mas qual a “ciência” por trás desse processo? 

Para a geração dessa neve, utiliza-se água em alta pressão, ar comprimido e bicos específicos para pulverizar gotículas no ar, as quais vão congelando conforme se aproximam do solo. Com 272 canhões de neve e 82 lança neve, a TechnoAlpin usou nas Olimpíadas um sistema de bombas e tubulações de alta pressão para o transporte de água resfriada através de torres de resfriamento pelas encostas.

Máquinas de neve
Fonte: Veja

Um ponto importante a ser considerado é que a água pura não possui superfície de nucleação (processo inicial da formação de cristais), podendo permanecer no estado líquido até – 40°C, ou seja, não congela à temperatura ambiente de Pequim (aproximadamente 0°C, nos locais dos jogos). Devido a isso, algumas partículas microscópicas, como por exemplo, iodeto de prata, são adicionadas à água para favorecer essa formação de cristais e aumentar as temperaturas de congelamento, ou seja, aproximar de 0°C. Todavia, alguns especialistas alertam que esses aditivos químicos e biológicos podem gerar danos à biodiversidade da região. 

 Esse compilado de informações traz algumas reflexões: Só porque temos tecnologia para produzir neve, deveríamos utilizá-la em larga escala? Teriam outras saídas? Qual a urgência do debate sobre mudanças climáticas e práticas sustentáveis? Até que ponto é válido remediar as consequências desses fenômenos ambientais? Refletir sobre esses pontos em um contexto pandêmico é fundamental, uma vez que a consciência ambiental das pessoas foi instigada tornando o cenário propício para discussões sobre o assunto.

Fontes:

Revista Galileu

Olympics

CNN

Professora Caroline

Caroline é professora de Matemática, Física e Química na Nautae. Tem graduação e MBA em Engenharia Química pela UEM e atualmente cursa Licenciatura em Física pela mesma instituição.

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